terça-feira, 7 de junho de 2011

Por que a arquitetura paulistana reflete nas plantas os hábitos e costumes dos moradores?


Regiões da cidade podem ser identificadas pela influência da imigração em traços comuns no estilo de construir e distribuir os cômodos.


Ao escolher um bairro para fixar residência os moradores costumam prestar atenção ao ritmo de vida das regiões. Algumas áreas são reconhecidas pela vida noturna agitada, outras pela variedade gastronômica ou cultural, ou ainda pelas opções de lazer para crianças. É bastante interessante a relação estabelecida entre a cultura e o estilo de vida dos moradores, fator que influencia diretamente no lay-out das plantas dos empreendimentos imobiliários.

Segundo a arquiteta paulistana Renata Marques, trata-se de um processo natural. “As casas e apartamentos refletem nas plantas as necessidades e costumes de cada cultura ou estilo de vida. Por exemplo, em bairros com forte influência de imigrantes portugueses ou italianos as áreas de convivência, como cozinhas e salas, costumam ser muito valorizadas”, explica.

Os bairros do Tatuapé e Móoca refletem essas características em seus empreendimentos. A maior parte da área construída costumava ser ocupada por casas espaçosas com jardim e quintal, além de cozinhas e salas amplas, para receber os familiares. “Os moradores descendentes desses povos tem prazer em cozinhar e gostam de estar próximos da família, logo as áreas de convivência eram muito valorizadas”, aponta Renata. 

Essa zona está passando por um novo boom imobiliário, e desta vez observa-se a verticalização dos imóveis, mas sem deixar de lado essas preferências, que podem ser observadas em outros aspectos. “Para essas famílias, apesar dos filhos muitas vezes não morarem mais com os pais, é importante ter várias vagas na garagem, facilitando o acesso de quem as visita. Outro ponto a ser levado em conta são as áreas externas dos apartamentos. A sacada tem muita importância, oferece o conforto de estar ao ar livre, como nos quintais e jardins, ainda que dentro do apartamento”, esclarece a arquiteta.

Em outra direção, a região central de São Paulo e bairros como a Bela Vista, que antigamente costumava ser habitada por imigrantes, ganham muitos empreendimentos em forma de estúdio - um grande cômodo apenas com todos os ambientes integrados. Na verdade uma solução moderna para solteiros e recém-casados, que buscam o local pela efervescente vida cultural.

Percebe-se também, nos imóveis voltados para os jovens, a flexibilidade de lay-out. “Tudo é muito prático. Os apartamentos não têm lavanderia, por exemplo, a área de serviço é conjunta”, analisa Renata.

Na Liberdade, o diferencial já pode ser notado no estilo das construções, que lembram a arquitetura Oriental, onde se observa desde os telhados inclinados em estilo japonês até influencias culturais, seguindo as orientações do Feng Shui.

Perdizes é um bairro essencialmente de casas que vem se verticalizando com o tempo. As construções antigas dão lugar a apartamentos mais modernos e seguros. “Esta já é uma região onde as principais mudanças são para adequar os prédios à questão de oferecer mais segurança”, observa Renata. 

Cozinhas e áreas de convivência ganham importância

A arquiteta constata que os espaços gourmet e cozinhas estão mais valorizados do que nunca nos novos empreendimentos, já que acabam funcionando inclusive como áreas de convivência. Ela diz que este é um reflexo desta cultura da culinária que vem chegando ao Brasil sob forte influência dos franceses e italianos. “O brasileiro vem descobrindo o prazer de cozinhar, de experimentar novos pratos e, principalmente, vivenciar este processo”, finaliza.

Fonte: Assessoria de imprensa

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